terça-feira, 25 de setembro de 2007

Regras da II Pega de Boi no Mato

FAZENDA PITOMBEIRA
II PEGA DE BOI NO MATO

III ENCONTRO DOS VAQUEIROS DA RIBEIRA DO ACARI

3 E 4 DE NOVEMBRO DE 2007.


R E G R A S:

1 -
DATA: 04 de Novembro de 2007
LOCAL: Fazenda Pitombeira – Zona Rural - Acari RN
INICIO DA PEGA: 10:00 HORAS

1.1 – LIMITE DE INSCRIÇÕES: 25 DUPLAS / PROFISSIONAL
05 DUPLAS / AMADOR
— As inscrições poderão ser feitas até 1 hora antes do inicio da disputa.


2 - CATEGORIAS: Profissional: - Cavalo - 10 parelhas
- Burra - 10 parelhas
Amador: Livre
Será considerado AMADOR, a dupla depois de analisada e aprovada pela organização do evento.


3 – IDENTIFICAÇÃO:
As duplas serão identificadas de acordo com o numero da inscrição.
Os bois serão numerados e sorteados com as duplas.
A chamada para a tirada dos bois, obedecerá a ordem de colocação dos bois no brete.


4 – TEMPO E CONTAGEM DE PONTOS
Terá inicio a marcação do tempo, quando o boi ultrapassar a marca de cal no final da manga da saída do curral.
O tempo será finalizado, quando o boi estiver mascarado/enchocalhado e confirmado pelo fiscal de pista.
O boi depois de mascarado será avaliado pelo fiscal que, dependendo das condições do animal, poderá autorizar a dupla a conduzir o animal para o curral.
A dupla ganhadora será a que mascarar o boi no menor tempo.
Os bois não poderão portar chocalho.
Cada dupla terá um limite máximo de 20 minutos. Findo este tempo e não havendo nenhuma anormalidade, o fiscal dará por encerrada a participação da dupla.


5 - PREMIAÇÃO
Receberão um par de troféus diferenciados para as colocações do 1º. ao 5º. Lugar de cada categoria, além de uma premiação a ser divulgada na ocasião da entrega.
Todas as duplas receberão troféus com as placas identificando suas colocações e categorias.

6 – COMISSÃO ORGANIZADORA
Todos os casos e situações não previstas nas presentes regras, serão prontamente analisadas por no mínimo (03) três membros da comissão e sua decisão será de natureza soberana e terá caráter irrevogável e irretratável
A comissão poderá querendo e a qualquer tempo, alterar as condições dessas regras, prevalecendo sempre, resguardar a ordem, a segurança e a integridade física dos participantes e expectadores do evento.


7 – DISPOSIÇÕES GERAIS
O evento visa tão somente resgatar e valorizar a profissão do vaqueiro, divulgando e perpetuando uma tradição que, foi berço da civilização e da cultura da nossa região.
As duplas de vaqueiros se comprometem a assinar um termo de compromisso/inscrição isentando a Organização do evento / Fazenda Pitombeira, de toda e qualquer responsabilidade por acidente que porventura venha ocorrer quando da sua atuação no evento, bem assim autorizando o uso de sua(s) imagens para fins de promoção e/ou comercial, dispensando de indenizações e/ou mesmo quaisquer remunerações.
O participante AMADOR que, até o dia do evento tiver idade inferior a (18) dezoito anos, somente poderá participar com uma autorização escrita do pai ou responsável, através de formulário próprio fornecido pela organização do evento.
Visando incentivar a tradição, será distribuída uma premiação especial para a categoria burro.
A boiada da categoria Amador será diferenciada da profissional
A PARTICIPAÇÃO NO PRESENTE EVENTO IMPLICA A ACEITAÇÃO INTEGRAL E IRRETRATÁVEL DAS REGRAS AQUI ESTABELECIDAS, E AO INFRINGI-LAS, O VAQUEIRO ESTARÁ IMPEDIDO DE PARTICIPAR DESSE E DE OUTROS EVENTOS.

Acari-RN , 01 de Setembro de 2007.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Epifania sertaneja

Foto: Hugo Macedo
Por Alexandro Gurgel

Rodeada por uma imensa mata catingueira, onde juremas, favelas, pereiros e algarobas fazem sombra para o gado pastar nesses tempos de inverno, a Fazenda Pitombeira desponta majestosa no sertão de Acari. Da casa grande se vê as serras que formam o Gargalheiras e toda a chapada que divide o Rio Grande do Norte da Paraíba.

Na sua varanda arejada com os ventos úmidos de julho, Marcus Nepomuceno recebe os amigos para conversas sem fim, ao sabor de uma cachaça curtida em barril de carvalho e engarrafada na própria fazenda. O badalar de um sino generoso avisa a chegada de uma galinha caipira torrada em panela de barro, sob as labaredas de um fogão a lenha.

Porque é preciso refrescar a alma que os visitantes da Pitombeira mergulham na Canoa, uma piscina natural nos lajedos de granito, como se um oásis brotasse no meio da caatinga para o deleite das horas mansas. A tarde desaparece na sua hora mágica. O sol se aninha no quintal da fazenda, escorrendo por trás dos serrotes feito pequenos rios de luzes que findam no horizonte.

A heráldica peculiar da Pitombeira estampa uma saudade do sertão, como num sonho. Há uma doce melancolia feita de todas as ausências do meu tempo de menino, quando desbravava a fazenda Quixaba, em Caraúbas. Da última porteira, sinto o perfume das juremas anunciando o privilégio de ter conhecido a Fazenda Pitombeira.

Vaqueiro Acariense

Foto: Riccelli Medeiros

Por Jesus de Miúdo

Conjunto de mito e herói maior desses rincões chamado Sertão, é o vaqueiro. E Roberasmo, na foto com o rosto estropiado pelos espinhos, é a prova viva que a nossa cultura tem futuro e que a imagem do vaqueiro sobre seu cavalo e com sua roupa de gala em couro, jamais será substituída por nada. Quero ver é ter macho para puxar rabo de boi sobre uma motocicleta e digo, sem medo algum de errar em meu conceito: O capacete dos motoqueiros nunca será páreo ao chapéu de couro dentro da caatinga! Ora, quem já viu vaqueiro sem cavalo?!

O vaqueiro chorou vendo a ossada do cavalo que a seca assassinou

Sete meses, meu bem, ele passou fora
Viajando pra’s terras do Sudeste
Foi fugindo dessa seca, dessa peste
Que lh’esmaga, lhe aniquila e lhe devora
Decidido, no entanto, veio embora
Pra o sertão que o seu peito sempre amou
Pois paixões, sua alma aqui deixou
E chegando aqui, logo na entrada
O vaqueiro chorou vendo a ossada
Do Cavalo que a seca assassinou.

Relembrou com saudade os velhos dias
Sobre o amigo perseguindo um boi bem brabo
Derrubando-o, na faixa, pelo rabo
Recebendo aplausos em honrarias
Esqueceu-se, porém, das alegrias
Vendo ali, sobre o solo, o que sobrou
Do amigo fiel que tanto amou
Num soluço da alma alquebrada
O vaqueiro chorou vendo a ossada
Do Cavalo que a seca assassinou.

Nem os carinhos de sua linda donzela
Lhe remiu da tristeza ali presente
Nem o céu que escureceu bem de repente
Atenuam a dor que lhe martela.
Sem fugir da cena que lhe flagela
O vaqueiro bem triste aboiou
Quando a brisa, do poente, forte soprou
E lhe trouxe a chuva tão esperada
O vaqueiro chorou vendo a ossada
Do Cavalo que a seca assassinou.

Nem a água caindo lá de cima
Com as lágrimas molhando o seu rosto
Lhe tirou de tão grande desgosto
De perder aquele por quem lastima
No aboio, solitário, uma última rima
Enquanto um raio, caindo, lhe iluminou
Com sua voz, o trovão se misturou
Dando mais tristeza à cena enlutada
O vaqueiro chorou vendo a ossada
Do Cavalo que a seca assassinou.

Foi saindo devagar daquele canto
Perdido nos devaneios da lembrança
Consigo, mesmo assim, leva esperança
Que Deus dê consolo ao seu pranto
A tristeza lhe cobria, era seu manto
E na donzela amada ele se apoiou
Dando um adeus inibido ao que restou
Suspirando de saudade na última olhada
O vaqueiro chorou vendo a ossada
Do Cavalo que a seca assassinou.

Sua dor se tornou a mais plangente
Quando em casa abraçou sua viola
Feito pássaro preso na gaiola
Assobiando muito baixo e bem dolente
Sua rima se tornou sua confidente
E em versos sua mágoa assim gravou
Enfatizando o que pôde e relembrou
Consternado e cantando numa toada
O vaqueiro chorou vendo a ossada
Do Cavalo que a seca assassinou.

Pega de Boi na Pitombeira

Por Alexandro Gurgel

O mês de novembro marca o início da temporada sem Chuva no sertão, onde a terra esturricada pela seca é cenário para uma das mais tradicionais manifestações nordestina: a “Pega do Boi”, quase esquecida pelos mais jovens. Para preservar a memória do sertanejo, valorizando a figura do vaqueiro, a Fazenda Pitombeira, em Acari, realiza a II Pega de Boi no Mato e o III Encontro dos Vaqueiros da Ribeira do Acari, nos dias 3 e 4 de novembro.

A Pega de Boi nasceu nos tempos antigos, quando não havia as cercas delimitando as fazendas de criação e o gado era solto na caatinga. No início da seca, os fazendeiros reuniam os vaqueiros da região para pegar o boi, marcar a ferros, castrar e conduzir para áreas onde os pastos eram mais abundantes. Um trabalho árduo, exigindo muita experiência e força do vaqueiro.

Com o tempo, a “Pega de Boi” deixou de ser necessária e ficou só como uma lembrança nas conversas dos matutos. Mas, desde o ano passado, a Fazenda Pitombeira vem resgatando essa tradição do homem sertanejo, mostrando toda a valentia e perícia do vaqueiro nas carreiras desembestadas nos cavalos ligeiros, em busca do boi solto no mato.

A II Pega de Boi no Mato terá a participação especial de Galego Aboiador, narrando o evento enquanto entoa seu aboio para a vaqueirama, num canto melancólico, carregado de lendas e paixões do sertão. Tudo começa no dia 03 de novembro, quando a tarde cai e os vaqueiros se reúnem para uma missa na Capela Nossa Senhora da Conceição, no Sítio Bico da Arara, em Acari.